Meu amor: digo uma janela que se inventa
Abrindo para vista alguma e, ainda assim, a
Imagino bela por diante até onde não chego
Tentei o olhar e o corpo debruçado no braço
Até à península da mão para lá dela imensidão
D'abismo. Meu amor: a cama aberta adormece
Da espera que não vem e com os dedos selo o
Envelope dos lençóis brancos; fossem lábios e
Eram frios, um glaciar que arrefece o corpo de
Vazio sentado, espantalho cansado de volteios
Dos pássaros que nunca viu. Meu amor: é tarde
O sentir, cedo no desmentido das horas e digo,
Agora como no outrora de inda há pouco ou de
Anos não sei bem tudo é impreciso que preciso
Talvez que o eco logre outra voz dupla, fingida
De ti pouco importa! O vento contrário desenha
O teu cabelo. Oh meu amor o teu cabelo, crina
De mar, o último barco do meu peito a zarpar.
(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)