sábado, 8 de julho de 2017

[no onde]

Se as palavras 
As leva o vento 
Para onde vão? 
Quem do chão 
As apanha e ao
Ouvido as traz?
Escutai-as! São 
Flores do perto
Gestos abertos

Nascidas longe.




(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)




sexta-feira, 7 de julho de 2017

[o mesmo rio]

Viste como se inclinam as flores.
Varas olímpicas seus caules e as 
Pétalas saias, avessos contrários 
De laca! A cidade venta no bulício 
E elas dançam imunes arco para lá 
Arco para cá: ginastas num tapete. 
No final de tarde um filme náutico e
Suas cores toucas bailarinas starlets 
De Hollywood no boulevard da Lisboa
Musical do fim de dia. O lugar na coxia
Do eléctrico à pinha e no vidro lateral o
Ecrã de vidro passa a sessão do cinema
Antigo que via eram quase todos vivos e 
Eu o miúdo que crescia. Astaire e Rogers
Avós, tios e meu pai quando havia Natais! 
No centro do asfalto há uma palco, corpos 
Coreográficos no Parque Mayer as matinés.
Sou antigo de memórias que vão comigo ao
Cais do Sodré onde ainda beija o mesmo rio.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

[dia sexto]

Se a viagem é o meu fim
Viajar são seus começos.
Por mais estreita que seja 
A vista o entrevisto mundo
É largo por si e maior ainda 
O mundo que dentro insisto.

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)


segunda-feira, 3 de julho de 2017

[Distração]

O beijo de impulso 
Nunca pensado de 
Ambos inesperado 
Desastrado de riso
Assim se entornou 
Pelo lado de dentro 
Poção invisível que 
De amor os tomou! 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

domingo, 25 de junho de 2017

[Duplicata]

Olho o teu rosto até o deixar de ver
Vais ver. Ao olhar-te, o consecutivo 
Olhar esvazia. No olhar uma ponte: 
Levo cada coisa dele, saque inteiro
Por detalhe até te duplicar em mim.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

[tears]

É no mais belo tear
Que se faz o amor. 
Tecer vestindo teu 
Corpo por medida
A cada amanhecer


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)



sexta-feira, 23 de junho de 2017

[O Bem-fazer]

Ela tinha a garra de agarrar 
Os sentidos contrários dos 
Ventos do desfavor no voo
Benfazejo de sentido amor. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)